Sonhar Grande. Começar Pequeno.2venture -

Independentemente da dimensão da organização em que estejamos, longe vão os tempos dos orçamentos chorudos em que cada erro era almofadado ou até ignorado. Atualmente, os orçamentos, em particular os Vendas e Marketing, estão sempre pressionados, em risco e sob elevado e atento escrutínio. E bem! Assim há tolerância zero para laxismo, inércia e vícios de atuação.

O curioso deste cenário é que há ainda uma boa parte dos gestores que ainda não percebeu que tem de mudar e ajustar a sua forma de atuação. O “Go Big or Go home” é de outra era.

A tática do Blitzkrieg que sugere um ataque em força, rápido e massivo, caiu em desuso e carece de suporte racional e financeiro para o contexto atual. Vivemos Novos tempos e que exigem um novo modus operandi. Passemos dos ruidosos canhões dos tanques para uma abordagem mais furtiva e assertiva, digna de um Sniper.

Da nossa experiência de gestão de empresas e de projetos nos últimos dez anos, uma das coisas mais importantes que apre(e)ndemos foi verbalizada por John C. Maxwell “Sometimes you Win; Other times you learn”.  Há que ter a humildade e a consciência de não podermos nunca, independentemente do bom trabalho de análise e planeamento, garantir o sucesso de qualquer das nossas ações e empreendimentos. Podemos sim minimizar o seu eventual insucesso e garantir a necessária aprendizagem para o round seguinte.

Com isto não queremos dizer que se abordem os projetos a medo ou sub investindo seja em recursos financeiros ou, até mesmo, emocionalmente. No entanto, não podemos esquecer que o Trade-off de um projeto vai para além do seu custo direto, tem sempre de ser considerado o custo de oportunidade de uma via ou investimento alternativo. Daí a importância de evitar custosos erros estratégicos e penosos falhanços de implementação.

 

Não existe uma fórmula mágica transversal. Há, por outro lado, uma série de orientações que se têm revelado essenciais para maximizar as mais-valias desta abordagem. Partilhamo-las para despoletar reflexão e, eventualmente, discussão.

» Profundidade no planeamento; foco na execução. A abordagem ao problema/oportunidade deve ser a mais detalhada, aprofundada e debatida o possível. Devem ser exploradas o maior número de possibilidades, não estando vinculados a abordagens passadas semelhantes ou equiparáveis, mas também não as ignorando ou desprezando

» Frugalidade. A alocação de recursos inicial deve ser prudente. Começamos com uma experiência. Um protótipo. Um teste não é uma formalidade. Estamos efetivamente a perceber se determinada ação funciona naquele contexto pelo que qualquer alocação excessiva de recursos, seria um desperdício.

» Multidisciplinariedade. Devem ser envolvidos o maior número de pessoas e equipas que possam trazer valor e valências que possam ajudar ao melhor desfecho possível. Os resultados são conseguidos por equipas e em equipa. Sem silos ou quintas- No office politics allowed!

» Clareza. O âmbito e os objetivos do projeto/ação devem estar bem definidos desde o início e devem ser alinhados transversalmente, procurando uma abordagem o mais ampla possível, evitando meias-soluções ou falta de ambição. A medida do sucesso deve ser mensurável e definida a priori, permitindo um acompanhando rigoroso se devemos rever, manter ou abandonar cada iniciativa.

» Pessoas e não processos. Os projetos devem ser compostos com e por pessoas motivadas e envolvidas. As equipas devem abandonar o mindset de linha de montagem. Isso implica haver reuniões participadas e regulares. Os pequenos sucessos devem ser celebrados. Os revezes discutidos e explicados. O contributo individual valorizado, a cooperação e compromisso exigidos. Nunca esquecer que as pessoas têm sempre a solução, os processos podem, muitas vezes, ser um problema.

» Agilidade. As equipas e devem estar capacitadas e preparadas para responder à dinâmica da execução ao invés de estarem reféns do plano inicial que, rapidamente, pode ficar obsoleto face à reação da concorrência ou a alguma externalidade.

» Cliente no cerne da ação. Qualquer que seja o âmbito do vosso projeto, uma coisa é certa. Só conseguirão extrair valor se trouxermos valor para o mercado em que operamos – seja pelo incremento de qualidade seja pela proposta de um binómio valor mais atrativo.

Este “modelo” é apenas uma simplificação de uma possível forma de encarar qualquer projeto ou. É um exercício que pode não funcionar para todos pois exige alguma humildade dado que parte da premissa de que podemos estar errados. Algo que, infelizmente, em muitas organizações não é tão bem aceite e por alguns gestores nem sequer concebível…

Aos que até aqui chegaram, desafiamos-vos a utilizarem-na ou reverem os vossos próprios projetos à luz desta framework. Planear com tempo, ponderadamente e começar com uma experiência em menor escala que vos permita fazer uma avaliação rápida dos próximos passos: scale-up; revisão ou abandono.

Há que sonhar Grande, mas começar pequeno!